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segunda-feira, 27 de junho de 2016

Projetando outros possiveis modos de habitar a cidade.


As intervenções/Poéticas urbanas realizadas pelo Coletivo à deriva buscam uma conexão afetiva com os espaços degradados ou abandonados da cidade, promovendo a sua visibilidade e projetando outros possiveis modos de estar na cidade. Muitas vezes, essas ações se confundem com as práticas do cotidiano, como ocorreu no espaço escolhido para 2011 - a Praça da Mandioca, localizada no Centro Histórico de Cuiabá - lugar onde se entrecruzam camadas de memórias atravessadas por múltiplas culturas e ao mesmo tempo, espaço revelador de nevrálgicas questões sócio-urbanas. A proposta de uma nova forma de olhar e pensar sobre os espaços urbanos instiga a participação e a convivência, provoca uma reflexão sobre esses espaços e leva à ações de comprometimento com a cidade em que se vive.

Maria Thereza Azevedo


domingo, 20 de novembro de 2011

O que nos move.





O que nos move é a vontade de partilhar o espaço da cidade verde, que se encontra amarela de sem graceza pelo sol que esturrica, pelos muros caídos, pelas janelas remendadas, pelas casas com muletas, doentes e sem tratamento da Praça da Mandioca. Essas casas antigas e maltratadas são como pessoas mais velhas, abandonadas que foram lindas um dia  e hoje, plenas de experiências estão jogadas às traças, para um canto, carcomidas pela desolação e pela invisibilidade. (MTA)













PARTICIPANTES DAS INTERVENÇÕES NA PRAÇA DA MANDIOCA

Participantes

Alan Mantilha
Alexandro  Romao
André Gorayeb
Andrea Portela
Claudio Oliveira
Clodoaldo Arruda
Cristiano de Sousa Costa
Deize Aguena Moreira
Elka Moura Victorino
Fredyson Cunha
Heitor Magno
Hélia Vannuchi
Herê Fonseca
Hugo Loriano Vuerzler
Igor Luciano de Oliveira
Jan Moura
Janete Hartmann
Jone Castilho
Karine Krewer
Larissa Silva Freire Spinelli
Mari Gemma De La Cruz
Maria Luiza Victorino
Maria Thereza Azevedo - Propositora
Marília Cortez
Myriam Moura Victorino
Paulo Vermelho
Renata Carvalho Zambom
Rodolfo Polzin
Thais J. Castro

Mais os moradores locais: Dona Antônia, Dona Eudes, o Rei da escadaria,

APOIO: SESC ARSENAL 


Poéticas Urbanas na Praça da mandioca


Coletivo à deriva

A proposta da exposição Intervenções na Praça da Mandioca é compartilhar com o público  através de fotos, vídeos e instalações de objetos utilizados nas ações coletivas, a memória do processo de intervenção no Largo da mandioca pelo coletivo à deriva.
O Coletivo à deriva atua na cidade de Cuiabá, Mato Grosso, com intervenções urbanas, mesclando ações conjugadas entre várias artes - performance, dança, artes visuais, literatura, música; múltiplos fazeres e diferentes públicos - artistas, não artistas e comunidade local.  Busca uma conexão afetiva com os espaços degradados ou abandonados da cidade, promovendo a sua visibilidade.
O coletivo à deriva surgiu da necessidade de se reinventar a cidade, lugar onde se vive, através do Projeto Porto à deriva, desenvolvido no SESC Arsenal em 2009, em parceria com a UFMT, que atuou na região do Porto com muitas derivas, três intervenções e uma exposição itinerante.
Neste ano, o espaço escolhido para as intervenções foi o Largo da Mandioca localizado no Centro Histórico de Cuiabá, lugar onde se entrecruzam camadas de memórias atravessadas por múltiplas culturas e ao mesmo tempo, espaço revelador de nevrálgicas questões sócio-urbanas. No Largo da Mandioca, antigo nome da Praça Conde de Azambuja, aportaram muitas tropas de burros com carregamento de mandioca e outros alimentos. Ali já foi Pelourinho e o bondinho cuyabano cruzou esta região, na época, impregnada pelo ouro e povoada por casarões.
As situações criadas como intervenções urbanas estão no âmbito das experiências de práticas artísticas contemporâneas, que buscam por meio de processos estéticos colaborativos, o exercício do estar junto na cidade. Para a criação de situações de intervenção, a cidade é compreendida como uma rede, uma grande malha movente, lugar do acontecimento e da experiência coletiva, que se configura e se reconfigura de acordo com as ações dos sujeitos que nela habitam.
A intervenção urbana, como estética emergente, interrompe o fluxo da padronização e do estigma, propõe outra forma de olhar e pensar sobre os espaços urbanos; instiga a participação e a convivência, provoca uma reflexão sobre esses espaços.
As situações criadas como intervenção urbana estão na linha do que se chama de arte contextual (Paul Ardenne) cujas ações se apóiam nas circunstâncias dos espaços abordados, arte em curso, processual, de estado transitório, aberta, que valoriza a experiência, confronto direto com o real, estabelecendo vínculos com os lugares.
Muitas vezes essas ações se confundem com as práticas do cotidiano como no caso das intervenções no Largo da Mandioca.

Depois de várias idas ao Largo da Mandioca, visitando casas, conversando com os moradores o coletivo elegeu dois espaços para intervenção: a escadaria do Beco Alto, hoje Rua dos Bandeirantes e o terreno onde será construída a Casa Silva Freire.  Ao percebermos que as pessoas chamam o Beco Alto de “escadaria”, logo veio a idéia de lavagem da escadaria. No meio desta escada há um canteiro com algumas árvores frutíferas e algumas plantas medicinais. A proposta foi então uma lavagem coletiva da escadaria, com música e dança, a plantação de ervas medicinais e a confecção de pequenas placas com os nomes destas árvores. Percebemos também que no entorno há muitos gatos e o stencil de gatos nos tapumes e nos espelhos da escada foi outra proposta, bem como a pintura de um mural.  As sombrinhas que nos protegem do sol, marcam a presença do coletivo. Sombrinhas como possíveis sombras maiores, das árvores que estão por vir.
Para o lugar onde será a Casa Silva Freire, a sugestão foi uma ocupação do local com atividades culturais, performance, grafitti nos muros, exibição de filmes, para que nele se pudesse projetar o seu futuro, o sonho da construção da Casa Silva Freire, um espaço cultural onde o poeta vivera a infância, no Largo da Mandioca.
Nestas estratégias de convívio, estados de encontro e de sociabilidade, na simplicidade dos fazeres, a reinvenção de novos espaços-tempo e a criação de mundos possíveis, que se traduzem em novas formas de apropriação da cidade.

                                                                                              Profa Dra Maria Thereza Azevedo lider do Coletivo à deriva